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segunda-feira, abril 28, 2025

COP30 exige esforço maior no combate a emissões de gases

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No ano em que o Brasil sediará a COP30, conferência da ONU sobre o clima, em Belém, o mundo enfrenta dificuldades crescentes para cumprir o que foi acertado na COP21, dez anos antes, em Paris. Aprovado por consenso e assinado formalmente em abril do ano seguinte nas Nações Unidas, em Nova York, o Acordo de Paris estabelece que os países tomarão medidas para que, neste século, a temperatura global não suba além de 2°C, ou desejavelmente 1,5°C, ante os níveis da era pré-industrial. O ano passado já foi 1,5°C mais quente, e ainda faltam sete décadas e meia para acabar o século.

Um ano isolado não define tendência, mas 2024 já é resultado da incapacidade de os países cumprirem o prometido em Paris. Cada um deles define de modo voluntário as próprias metas para corte de emissões de gases de efeito estufa, conhecidas pela sigla em inglês NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas). Apesar de todo o esforço diplomático, nos últimos cinco anos as emissões aumentaram o equivalente a 1 bilhão de toneladas de CO₂ (dióxido de carbono) — de 52,8 bilhões para 53,8 bilhões por ano. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) calcula que, assim, o planeta chegará a 2100 com temperatura 3,1°C acima dos níveis da fase pré-Revolução Industrial. Se o mundo já enfrenta eventos climáticos extremos mais intensos e frequentes, daqui para a frente poderá ser pior.

As metas não têm sido suficientes para conter o avanço dos termômetros. Na condição de sede da COP30, o Brasil se comprometeu a cortar de 59% a 67% suas emissões, em relação ao ano-base de 2005, uma meta ousada para estimular os demais países a seguir o mesmo caminho. O Reino Unido seguiu a linha brasileira e se comprometeu a cortar 81% das emissões em comparação às de 1990. Mas, até agora, poucos países atualizaram suas NDCs — só 19 de 197 que integram a convenção da ONU sobre o clima (a União Europeia é contada como um país).

Turbulências que ocorrem no mundo, como a guerra na Ucrânia ou a disputa tarifária deflagrada por Donald Trump, estreitam o espaço para negociações multilaterais, diz a analista ambiental Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa. Os embates dificultam o entendimento em torno de problemas comuns, como a crise do clima. Trump já retirara os Estados Unidos do Acordo de Paris no primeiro mandato e fez o mesmo ao voltar à Casa Branca.

É verdade que o federalismo americano permite a um estado como a Califórnia, sob controle do Partido Democrata, adotar normas ambientais mais rígidas. Mas é péssimo que os Estados Unidos formalmente estejam fora das negociações. Segundo emissor de carbono, superado apenas pela China, o país se comprometera antes de Trump a reduzir emissões em 60%, tendo como base 2005. O Brasil espera que a China também estabeleça uma meta ambiciosa para estimular outros países. Por certo os chineses não deixarão de aproveitar a oportunidade de se distinguir dos Estados Unidos sob Trump.

Mesmo que todas as NDCs atuais sejam cumpridas, a temperatura global subirá de 2,6°C a 2,8°C até 2100. Por isso será preciso fazer mais. A COP30 pretende servir de oportunidade para essa cobrança. O risco é que todas as ambições sejam frustradas — e o planeta entre numa rota irreversível de degradação ambiental.

[Fonte Original]

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