Em “Missão: Impossível – O Acerto Final”, o astro reafirma a fórmula que diferencia a série de todo o gênero: se Ethan Hunt é o ponto central da empreitada, seu sucesso depende de um engenhoso trabalho em equipe. Cada peça, do gênio cibernético Luther (Ving Rhames) ao hacker Benji (Simon Pegg), passando pela ladra Grace (Hayley Atwell), a assassina Paris (Pom Klementieff) e o novato Degas (Greg Tarzan Davis), é essencial para a execução da missão.
De resto, sobra espetáculo. A sequência nos destroços de submarino em que Ethan precisa recuperar o módulo com o código-fonte da Entidade é tensa, claustrofóbica e propositalmente lenta. Das profundezas do Mar de Bering aos céus da África do Sul, com Hunt pendurado em um biplano, “O Acerto Final” traz o clímax mais impressionante que o cinema de ação poderia conceber.
Cruise alardeia que faz as cenas mais perigosas e isso, claramente, faz diferença. Em um mundo dominado por cenários digitais, é revigorante ver o astro ali, na cara do perigo, com o único objetivo de nos entreter.
Este oitavo “Missão: Impossível” é também o mais político da série – espelhando, assim, o espírito do programa de TV criado no fim dos anos 1960 que ainda tinha a Guerra Fria como centro. Nações se esfarelando ante o pavor nuclear não é tema novo, mas “O Acerto Final” combina a contento espionagem, ameaça global, política internacional e família agregada em um pacote vibrante e surpreendentemente emocionante.
Tom Cruise repete constantemente que cinema não é o que ele faz, e sim o que ele é. Sua vida parece de fato saltar de projeto em projeto, sendo difícil separar a pessoa de sua obra. “Missão: Impossível”, que assume aqui sua vocação como blockbuster à moda antiga, com um astro de cinema genuíno à frente de momentos de puro deslumbre cinematográfico, é prova de que ele prega a própria palavra. Se este for de fato o fim (o que eu duvido), sua missão foi finalmente cumprida. E com sobra!