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terça-feira, maio 20, 2025

Ibovespa atinge 140 mil pontos: o que explica os novos recordes e o que esperar

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Ainda em um cenário restritivo em termos de política monetária, com juros de dois dígitos, o Ibovespa chegou a operar acima dos 140 mil pontos pela primeira vez no pregão desta segunda-feira, 19 de maio.

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O cenário surpreende e mostra otimismo mesmo em um contexto em que, tradicionalmente, a bolsa estaria sendo alvo de menor predileção ante outros ativos. Todavia, o fluxo estrangeiro massivo tem feito o Ibovespa renovar recordes. Veja cotações

Bruna Sene, analista de renda variável da Rico Investimentos, destaca que a ‘entrada de capital estrangeiro foi o principal motor desse movimento de retomada da tendência de alta’.

“Os investidores internacionais representam mais de 50% do volume de negociações no mercado à vista de ações”, observa a especialista.

Segundo dados da bolsa de valores, a B3, até o dia 12 de maio o fluxo de capital estrangeiro acumulado no ano está positivo em R$ 17,111 bilhões. Os dados referentes a essa segunda quinzena, com novos recordes da bolsa de valores, serão conhecidos em  breve.

João Daronco, analista CNPI da Suno Research, explica que o “mercado brasileiro vem numa recuperação desde o fim de 2025”, saindo de um cenário de dólar acima de R$ 6 e juros futuros em alta.

“Ao longo desse ano tivemos uma recuperação boa dos índices, essa recuperação é muito explicada pelo fluxo dos estrangeiros, por conta dos preços. As large caps tem performado bem”, analisa.

O especialista frisa que o fluxo está atrelado ao bom desempenho operacional de empresas brasileiras.

“Nesses cinco meses de 2025, tivemos duas temporadas de resultados, referentes ao último trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025. Grande parte dos resultados tem surpreendido positivamente, mesmo com a nuvem de pessimismo”, aponta.

Globalmente falando, analistas apontam que a instabilidade em torno das tarifas comerciais dos EUA deve seguir favorecendo mercados emergentes – que inclui o Brasil.

O Citi, em relatório, destaca que ocorreu uma leve rotação de portfólio, o que gera fluxos relevantes para mercados emergentes. A avaliação da casa é de que, mesmo com o acordo com a China podendo reduzir as exportações agrícolas brasileiras, o impacto líquido deverá ser ser positivo por conta da menor chance de recessão global.

O Bradesco BBI, por sua vez, elevou sua exposição para o Brasil na região da América Latina, sinalizando otimismo.

“O mercado pode ignorar fundamentos por muito tempo, mas não para sempre. A tese de que a bolsa de valores brasileira está barata vem sendo repetida há vários meses. Mas ideias, como sementes, precisam de tempo certo para germinar. E os sinais mais recentes sugerem que o tempo do mercado de ações no Brasil pode finalmente estar chegando”, diz o BBI.

O Bank of America também segue com recomendação de compra para ativos brasileiros, destacando que os primeiros cortes da Selic são esperados para dezembro deste ano. Assim, a visão é de que em 2026 o lucro e o valor de mercado de empresas brasileiras poderá ser beneficiado.

Em termos de política monetária, sinalizações recentes da gestão do Banco Central (BC) também pesaram a favor do índice. O presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, falou durante evento do banco Goldman Sachs, em São Paulo, e defendeu a manutenção da taxa de juros em patamar restritivo por um tempo mais prolongado do que o usual.

“Dado o que aconteceu no passado recente, dado o nível de desancoragem das expectativas, temos consciência de que desta vez nós precisamos permanecer com essa taxa de juros por mais tempo em um patamar restritivo”, disse.

Além disso, sinalizou que o BC não fornecerá forward guidance – termo utilizado para descrever orientação futura, quando o BC sinaliza a magnitude das próximas decisões de juros.

A depender do ponto de vista, pico foi em 2008

Daronco, da Suno, destaca que apesar do índice ultrapassar os 140 mil pontos, os múltiplos continuam relativamente descontados.

“Estamos vendo um múltiplo de 8x a 8,5x para o Ibovespa, abaixo da média histórica, que é de 12x ou 12,5x. De duas, uma: ou o preço subirá, para chegar próximo da média, ou os lucros irão cair. Só que quando olhamos o resultado das empresas vemos que uma queda dos lucros parece pouco provável.”

Ademais, destaca que o índice segue distante das máximas históricas quando é analisado em dólar ou com a correção da inflação.

Conforme mostrado pela IstoÉ Dinheiro, o Ibovespa nunca superou o seu pico histórico de 2008 corrigido pela inflação em em dólar.

Em 2008, a cotação do Ibovespa chegou a 73 mil pontos, que atualizados para valores de hoje, corresponderiam a 191.858 pontos. Ou seja, apesar da máxima aparente, o investidor focado na preservação de poder de compra segue sem recuperar, em termos reais, o patamar anterior à crise financeira global de 2008.

Olhando para a performance do principal índice da bolsa de valores em moeda americana – análise comum dentre investidores – é possível visualizar uma diferença mais acentuada.

O valor mais alto registrado em dólares foi em 19 de maio de 2008, quando o índice atingiu o equivalente a 44.616 pontos.

Em 13 de maio de 2025, mesmo com a nova máxima em reais, o Ibovespa, convertido para dólares, estava em 24.699 pontos — um recuo de 44,6% em relação ao antigo topo.

O dado evidencia que, embora a bolsa brasileira tenha superado diversas turbulências desde então, a combinação entre inflação e câmbio segue limitando seu desempenho global.

Ações de destaque

Daronco, da Suno, ainda aponta que alguns ativos em específico contribuíram para renovação dos recordes da bolsa de valores brasileira. Assim, apesar da queda de mais de 10% da Petrobras no acumulado de 2025 e da alta tímida de 2% da Vale, o índice conseguiu engatar rali.

Como exemplo, Itaú e Itaúsa, na esteira de bons resultados operacionais subiram 38% e 31% no acumulado de 2025, respectivamente.

Além disso, a B3, que tem uma participação relevante na carteira do Ibovespa, avançou 45% desde o primeiro pregão do ano, também refletindo resultados trimestrais que surpreenderam positivamente.



[Fonte Original]

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