Recuado a US$ 107,5 mil 0,3%) na tarde desta quinta-feira (29), o Bitcoin (BTC) mantinha 62,9% de dominância de mercado. A retração coincidia com US$ 20 bilhões em saída líquida do mercado cripto, porém com manutenção dos 25 pontos do índice altseason, que mede a rotação de capital para os principais tokens. Esse cenário está no radar do analista-chefe da Coinext, Taiamã Demaman, que elencou cinco altcoins com chance de alta em junho, além do Bitcoin.
Segundo o representante da exchange brasileira, essa condição técnica é típica dos ciclos iniciais de altseason, em que o capital começa a migrar para ativos de maior risco buscando retornos mais agressivos. Historicamente, as leituras abaixo de 30 pontos representam oportunidades assimétricas de entrada, conforme nosso modelo de avaliação de risco em Web3, observou o analista.
Na avaliação de Taiamã Demaman, o cenário é binário: a perda da faixa de US$101 mil no BTC, combinada com uma queda da dominância abaixo de 62,58%, pode reverter o movimento e desencadear correções acentuadas nas altcoins.
Projetos com fundamentos sólidos tendem a se destacar se o Bitcoin sustenta a consolidação. Esse pode ser o início de um novo ciclo de liquidez no setor, explicou.
Ethereum
Um dos tokens no radar do especialista é o Ethereum (ETH). Segundo ele, a altcoin da blockchain líder dos contratos inteligentes, lançada em 2015, consolidou-se como a base da maioria dos dApps, protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) e tokens não fungíveis (NFTs), liderando a inovação do setor.
Em junho, volta ao centro das atenções com a chegada da atualização Pectra, implementada no dia 7 de maio. Nesse caso, o analista destacou que essa atualização é considerada o maior avanço desde o The Merge, em 2022, marcando uma nova fase de maturidade técnica.
Ele ainda citou Matt Hougan, já que o CIO da gestora Bitwise considera as mudanças do Pectra despertaram novo interesse institucional, ao reunir escalabilidade, segurança e eficiência em um só pacote.
Entre as novidades, destaca-se a abstração de contas (EIP-7702), que permite pagar taxas com tokens diferentes do ETH, facilitando o uso de dApps por novos usuários. Já os super- validadores (EIP-7251) aumentam o limite de staking de 32 para 2.048 ETH por operador, tornando o sistema mais atrativo para grandes investidores e aumentando a eficiência da rede.
O upgrade também dobrou a capacidade de dados por bloco, reduzindo custos e impulsionando soluções de segunda camada (Layer 2). A atualização coincidiu com o início das negociações da BlackRock com a SEC para incluir funcionalidades de staking em seus fundos vinculados ao Ethereum, conforme antecipado no relatório do Ethereum de 2024 produzido pela Coinext Research. Com isso, a dominância do ETH frente às altcoins rompeu a resistência dos 22,73%.
Com esses avanços técnicos, que tendem a fortalecer o interesse institucional, o Ethereum opera em uma zona decisiva, segundo Demaman.
Se romper US$ 2,7 mil, o ativo pode buscar os US$2,8 mil como principal resistência ao longo do mês. Já a consolidação entre US$2,3 mil e US$ 2,7 mil mantém o cenário neutro, mas com viés construtivo. A perda dos US$ 2.3 mil, no entanto, pode abrir espaço para recuos até US$ 2,1 mil. Ainda assim, com fundamentos sólidos e dinâmica técnica favorável, o Ethereum apresenta amplo espaço para valorização médio e longo prazo, observou.
Aave
Entre os protocolos DeFi mais consolidados da rede Ethereum, a Aave (AAVE) volta ao radar dos investidores com força em junho, na avaliação do especialista da Coinext. Lançado em 2017, o projeto permite que usuários emprestem e tomem emprestado criptoativos de forma automatizada e sem intermediários, um modelo que combina eficiência com segurança por meio de contratos inteligentes.
Com cerca de US$ 22 bilhões em valor total bloqueado (TVL), segundo dados da DeFiLlama, a Aave ocupa a segunda posição entre os maiores protocolos da Ethereum, o que evidencia a confiança institucional e a robustez do seu ecossistema.
Recentemente, a Aave Labs deu mais um passo estratégico ao anunciar uma parceria com a Ant Digital Technologies para criar um mercado de ativos do mundo real (RWAs) na blockchain. A iniciativa, desenvolvida dentro da plataforma institucional Horizon, permitirá que usuários qualificados emprestem stablecoins utilizando ativos tokenizados como garantia, um avanço importante rumo à adoção institucional das finanças descentralizadas.
Para Taiamã Demaman, esse movimento já começa a refletir nas métricas de mercado. A carteira institucional 0x372c, conhecida no ecossistema Ethereum, adquiriu mais de 18 mil tokens AAVE, movimentando cerca de US$ 5 milhões, um sinal claro de confiança no potencial do ativo. Do ponto de vista técnico, o token AAVE está testando uma zona crítica entre US$ 240 e US$ 280.
Em caso de rompimento, analistas como CW e CryptoBullet projetam um avanço para US$ 400, com possível extensão até sua máxima histórica de US$ 666,86, registrada em 2021. Diante desse conjunto de fundamentos sólidos, expansão institucional e sinais técnicos consistentes, AAVE se consolida como uma das escolhas mais promissoras para junho, com alto potencial de valorização e protagonismo no novo ciclo das finanças tokenizadas, considerou.
Uniswap
Pilar do ecossistema DeFi, a Uniswap (UNI) é outra aposta de analista para junho, já que a plataforma lançada em 2018 na rede Ethereum rapidamente se tornou uma das exchanges descentralizadas (DEX) mais influentes do setor. Seu diferencial foi introduzir o modelo de Automated Market Maker (AMM), substituindo o tradicional livro de ordens por algoritmos de precificação baseados em liquidez.
Essa inovação eliminou intermediários e facilitou a criação de pools de liquidez, permitindo negociações eficientes, seguras e descentralizadas entre pares de tokens.
Com o lançamento do token UNI em 2020, por meio de um airdrop histórico, a Uniswap deu início à sua governança descentralizada, tornando os próprios usuários responsáveis por decisões estratégicas dentro do protocolo. Desde então, o projeto não parou de evoluir, tornando-se referência em volume de negociações e em inovação estrutural.
Em 2024, a Uniswap deu um passo ousado rumo à escalabilidade com o lançamento da Unichain, sua própria Layer 2 construída sobre a Superchain da Optimism. A nova blockchain promete blocos com tempo de apenas 1 segundo — com perspectiva de alcançar 200ms no futuro —, além de redução de taxas em até 95% e uma arquitetura modular que reforça segurança e desempenho. Com isso, o token UNI passou a ter papel duplo: permanece ativo na governança da Ethereum e agora também funciona como instrumento de validação e staking na nova infraestrutura.
De acordo com o analista, o impacto já aparece nos números. Segundo a DeFiLlama, a Uniswap movimentou mais de US$73 bilhões em maio, superando em mais de 30% o volume de abril.
No campo técnico, o UNI é negociado na faixa de US$ 6,50, e analistas acompanham de perto a possível retomada até os US$ 19,24, máxima de novembro de 2023. Diante da adoção crescente, melhorias técnicas e relevância institucional, a Uniswap entra na nossa lista de criptomoedas mais promissoras para junho, com potencial real de valorização no curto e médio prazo, ressaltou.
Cardano
Taiamã Demaman também avaliou que a Cardano (ADA) retorna ao radar dos investidores como uma das apostas mais sólidas para junho. Desenvolvida com base em rigor acadêmico e revisão científica, a blockchain de terceira geração liderada por Charles Hoskinson — também cofundador do Ethereum — foca em escalabilidade, segurança e sustentabilidade, pilares que sustentam sua proposta como infraestrutura global para contratos inteligentes e DApps.
Lançada oficialmente em 2017 pela IOHK (Input Output Hong Kong), a Cardano se diferencia por adotar um modelo de consenso em Proof of Stake (PoS) altamente eficiente, que reduz o consumo energético sem comprometer a segurança. Seu compromisso com a inclusão financeira e governança descentralizada também a coloca em uma posição estratégica no longo prazo.
O otimismo recente sobre o projeto ganhou força após a Grayscale Investments apresentar um pedido de ETF à vista de ADA, com chances de aprovação saltando de 10% para 55%, segundo a plataforma Polymarket. A perspectiva de exposição institucional cria uma nova narrativa de valorização para o ativo, especialmente após os sucessos dos ETFs de Bitcoin e Ethereum, salientou.
Polkadot
A Polkadot (DOT) segue reforçando seu protagonismo entre os projetos de terceira geração da blockchain. Criada por Gavin Wood, cofundador da Ethereum, a rede tem como missão conectar blockchains independentes — chamadas de parachains — dentro de um ecossistema unificado, escalável e verdadeiramente interoperável, destacou o analista.
Para ele, mais do que um projeto técnico, Polkadot vem se destacando como peça estratégica para a construção da Web3, ao oferecer infraestrutura robusta, segurança de alto nível e flexibilidade para múltiplos casos de uso.
Em maio, o projeto avançou mais uma casa ao anunciar uma parceria entre a Web3 Foundation e a Asphere, braço corporativo da Ankr, para o lançamento de uma solução de rollups sem código. A ferramenta — compatível com Ethereum e voltada para DeFi, jogos, NFTs e DAOs — permite que qualquer empresa ou desenvolvedor crie rollups personalizados com poucos cliques, sem necessidade de programação. Isso reduz as barreiras técnicas e acelera a adoção de novas aplicações dentro da rede.
O analista considera que a combinação de templates prontos, suporte contínuo e infraestrutura gerenciada representa um divisor de águas no caminho da escalabilidade e da inclusão de novos participantes no ecossistema Polkadot. No aspecto técnico, DOT voltou a apresentar sinais de recuperação. Segundo o Analytics Insight, o ativo está cotado próximo dos US$ 4,58, com suporte firme em US$ 4,50 e resistências importantes nas faixas de US$ 5,50 e US$ 6,00.
As projeções para 2025 apontam para um possível avanço até US$ 10,85, o que representaria uma valorização superior a 100% caso os níveis-chave sejam rompidos, explicou.
O especialista concluiu dizendo que os fundamentos sólidos, inovação contínua e potencial técnico relevante, posicionam a Polkadot como uma das apostas mais promissoras para junho, especialmente para quem busca exposição a um ecossistema focado em interoperabilidade e desenvolvimento Web3.
No foco dos investidores também estão as três criptomoedas de baixa capitalização e três blue chips que subiram até 1.100% com a realização de lucros do Bitcoin, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
Aviso. Esta não é uma recomendação de investimento e as opiniões e informações contidas neste texto não necessariamente refletem as posições do Cointelegraph Brasil. Cada investimento deve ser acompanhado de uma pesquisa e o investidor deve se informar antes de tomar uma decisão.