28.1 C
Brasília
quarta-feira, outubro 8, 2025

COP30 se destaca ao conciliar temas, afirmam autoridades

- Advertisement -spot_imgspot_img
- Advertisement -spot_imgspot_img

Ao relacionar a agenda climática com o desenvolvimento, o Brasil tem se destacado no cenário internacional por propor soluções que conciliam sustentabilidade, redução de desigualdades e crescimento, afirmam autoridades. Para eles, a transição ecológica exige nova visão sobre a gestão macroeconômica e sobre oportunidades geradas pela emergência climática.

O ex-diretor do Banco Central do Brasil, Luiz Awazu, que também foi vice-presidente do Banco de Compensações Internacionais (BIS), afirmou que o enfrentamento ao aquecimento global implica confrontar a pobreza. Segundo ele, o Brasil tem exercido um papel relevante.

“Não vai existir solução para mudanças climáticas se não houver rompimento do círculo perverso, no qual o clima agrava desigualdade, pobreza e ressentimento”, disse no segundo dia do evento “States of the Future: Rumo à COP30”, realizado no Rio, na terça-feira (7). Awazu alertou que esse cenário alimenta populismos de extrema direita e enfraquece democracias, o que dificulta a implementação de políticas ambientais.

O debate se dá a cerca de 30 dias do início da 30ª Conferência do Clima da ONU, marcada para ocorrer em Belém entre os dias 10 e 21 de novembro. Para Awazu, é preciso desenvolver instrumentos financeiros capazes de garantir uma transição justa e rápida. Ao comentar os impactos sobre a economia real, afirmou que risco climático é “totalmente diferente” do risco financeiro tradicionalmente conhecido e observou que os efeitos do clima extremo já pressionam a economia, elevando custos e a inflação.

Estado do futuro tem que responder a um panorama em constante transformação”

— Tulio Andrade

O diretor da área de Meio Ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nabil Kadri, destacou o papel da instituição, primeiro banco brasileiro a criar uma unidade dedicada ao meio ambiente, que hoje abriga programas como o Fundo Amazônia, o Fundo Clima e iniciativas de bioeconomia e restauração florestal.

“Quando falamos de clima, estamos falando de rotas tecnológicas que reduzem emissões, combatem desigualdades e melhoram a qualidade de vida”, afirmou. Kadri ressaltou a decisão do governo de internalizar recursos de títulos soberanos sustentáveis de US$ 2 bilhões – cerca de R$ 10 bilhões captados a 6,5% ao ano – no Fundo Clima. O Tesouro Nacional lançou os primeiros “green bonds” em novembro de 2023, com a segunda emissão em junho de 2024.

“Nenhum outro país do mundo coloca essa cifra em um plano de transformação ecológica com tanta participação social”, afirmou. Segundo Kadri, a governança do fundo tem participação de organizações da sociedade civil, governos estaduais, municipais e ministérios.

Também no evento, a secretária nacional de planejamento do Ministério do Planejamento e Orçamento, Virgínia de Ângelis, afirmou que a emergência climática deve ser encarada como oportunidade de transformação. Para ela, o desafio está em conectar a agenda climática a outras dimensões estruturais do país, como as mudanças demográficas e as dinâmicas populacionais, de modo que o planejamento econômico incorpore a sustentabilidade como eixo de desenvolvimento. “Precisamos enxergar esse cenário como um chamado à ação”, disse.

Na avaliação de Tulio Andrade, diplomata e chefe de estratégia e alinhamento da COP30, diante de transformações globais cada vez mais rápidas e imprevisíveis, é necessário mudar a forma de fazer políticas públicas. Para ele, o Estado precisa abandonar a lógica estática do século XX. “Temos que nos apaziguar com o fato de que o Estado do futuro tem que ser aquele que responde a um panorama em constante transformação.”

Andrade completou que compreender os sistemas complexos que regem o planeta, como a ciência, é essencial para lidar com os chamados “pontos de inflexão” climáticos e sociais. Para o diplomata, é necessário que as decisões públicas conectem a política local à global, “do território à COP30”, e que o Estado desenvolva uma visão de longo prazo, com cultura de experimentação, para projetar as sociedades rumo ao futuro.

[Fonte Original]

- Advertisement -spot_imgspot_img

Destaques

- Advertisement -spot_img

Últimas Notícias

- Advertisement -spot_img