Jair Ferreira Belafacce/Getty Images
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O Paraná, um dos líderes do agronegócio brasileiro, está utilizando ciência de ponta para mitigar riscos ambientais e proteger sua base econômica. O projeto NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos, fruto de uma parceria entre o governo do Paraná e a Fundação Araucária, concluiu um mapeamento que indica as áreas prioritárias para conservação e restauração da biodiversidade no estado.
O estudo identificou um dado alarmante que projeta um risco de extinção para 54% das espécies nativas do Paraná até 2100. A iniciativa, que envolveu mais de 100 pesquisadores, analisou mais de 2,5 bilhões de registros de ocorrência de 6.400 espécies vegetais e mais de 1.600 espécies animais e de peixes.
“O mapeamento das áreas prioritárias… não é apenas um retrato da biodiversidade, mas um instrumento estratégico para orientar investimentos, restaurar ecossistemas e garantir que os serviços ambientais continuem sustentando a vida e a economia do estado,” afirma Weverton Trindade, pesquisador do NAPI.
Como resultado até o momento, o processo deu origem ao mapa de distribuição da biodiversidade no presente e cenários futuros:
Restauração florestal como fator de produtividade agrícola
A pesquisa do NAPI demonstra o valor econômico direto da conservação, que interessa ao produtor de commodities e ao setor de finanças.
Atualmente, o Paraná apresenta um déficit de mais de 3,2 milhões de hectares em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal (RL).
Os estudos que modelam o serviço ecossistêmico de polinização indicam que a restauração dessas áreas aumentaria significativamente o fluxo de polinizadores. Este aumento, por sua vez, pode influir em um incremento de produção agrícola de cerca de 550 toneladas de alimentos, incluindo commodities como soja e café.
O objetivo do mapeamento foi mostrar que a saúde ambiental é um vetor de incremento de produtividade e expansão sustentável para a meliponicultura e a apicultura paranaenses.
Inovação digital contra o risco climático
O projeto investe pesadamente em inovação tecnológica para transformar dados em instrumentos práticos para gestores e agricultores. O mapeamento estimou a distribuição potencial das espécies diante dos cenários de mudanças climáticas, informação que será usada para integrar dados geoespaciais e orientar investimentos.
Um exemplo, foi a criação da faunabr, uma ferramenta para facilitar o acesso a informações sobre a fauna nacional. Outra solução em desenvolvimento, a rfishstatus, auxiliará na atualização de nomenclatura de espécies de peixes.
O NAPI também está criando o Observatório Paranaense de Espécies Não-Nativas e Invasoras, buscando reduzir as perdas econômicas e ambientais associadas a essas ocorrências.
O trabalho do NAPI, que se alinha ao objetivo do Paraná de restaurar 10 mil hectares de florestas até 2026, é um exemplo de como a ciência aplicada é essencial para a gestão de riscos e a sustentabilidade econômica do agronegócio em um cenário de crise climática.

