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A lua Encélado, de Saturno, é um dos locais com potencial para abrigar vida extraterrestre no nosso Sistema Solar. O astro gelado é alvo de pesquisas para comprovar se suas características realmente o tornam habitável.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, do Southwest Research Institute e do Planetary Science Institute em Tucson (todos nos Estados Unidos) e publicado na revista Science este mês trouxe mais detalhes sobre o potencial desenvolvimento de vida em Encélado.
Encélado é alvo na busca por vida fora da Terra
Segundo o site Phys.org, Encélado é um mundo ativo, com um oceano subterrâneo salgado com presença de água líquida, calor e elementos químicos. Por isso, acredita-se que a lua de Saturno seja uma das melhores opções para abrigar vida fora da Terra.
No entanto, esse oceano só pode abrigar vida se ele for estável, com equilíbrio entre a perda e o ganho de energia. Essa relação é mantida por Saturno: a gravidade do planeta tem efeitos na lua, a esticando e comprimindo conforme orbita, gerando calor em seu interior.
Se Encélado não ganhar energia suficiente dessa relação, a atividade na superfície diminui ou até acaba, o que faria o oceano congelar. Por outro lado, se ganhar energia em excesso, poderia causar um aumento na atividade oceânica e alterar todo o ecossistema.
Sabendo dessa relação, a ciência busca entender qual a disponibilidade de energia essencial para determinar se a lua gelada tem equilíbrio suficiente ou não para abrigar vida.

Estudo deu mais um passo nessa direção
Estudos anteriores já haviam se dedicado a essa análise. No entanto, as medições foram feitas a partir do polo sul. Faltou o polo norte – e a suspeita era de que a região fosse inativa, o que poderia desestabilizar esse equilíbrio.
A equipe da nova pesquisa se dedicou a essa região pouco estudada. Eles analisaram dados do inverno de 2005 e do verão de 2015 no polo norte de Encélado, coletados pela sonda Cassini, da NASA. As observações foram usadas para medir quanta energia a lua perde de seu oceano subterrâneo conforme o calor viaja através do gelo até a superfície, para depois irradiar para o espaço.
Com base nesses dados, os pesquisadores modelaram as temperaturas esperadas durante a noite e descobriram que a superfície no polo norte estava cerca de 7 K (266ºC) mais quente do que o previsto. Eles concluíram que o motivo disso era o vazamento de calor saindo do oceano.

Descoberta reforça possibilidade de vida no oceano de Encélado
A perda de calor no polo norte de Encélado é de 35 gigawatts – o equivalente à produção de mais de 66 milhões de painéis solares com potência de 530 W. Quando o número é combinado com a perda de calor do polo sul, sobe para 54 gigawatts.
Esse valor corresponde à entrada de calor na lua devido à relação com Saturno. Ou seja, o valor de ganho e perda de calor são parecidos, indicando um ecossistema equilibrado.
Segundo o estudo, o equilíbrio indica que o oceano de Encélado pode permanecer líquido a longo prazo, criando um ambiente estável para o surgimento de vida.
Leia mais:
E tem mais:
- Os pesquisadores querem continuar estudando Encélado para determinar se o oceano existe há tempo suficiente para que a vida se desenvolva;
- O trabalho ainda mostrou que dados térmicos podem ser usados para análise independentemente da espessura da camada de gelo;
- No caso da lua de Saturno, o gelo tem entre 20 e 23 km de profundidade no polo norte.