19.5 C
Brasília
quarta-feira, novembro 5, 2025

Dólar fecha em forte alta hoje com aversão global a risco e fica próximo dos R$ 5,40

- Advertisement -spot_imgspot_img
- Advertisement -spot_imgspot_img

O dólar à vista registrou valorização firme frente ao real na sessão desta terça-feira, em um movimento alinhado ao da maioria dos mercados emergentes e sensíveis a preços de commodities. Dúvidas dos agentes financeiros em torno do crescente apetite por ativos de risco pesaram nos negócios e provocaram uma realização de lucros no câmbio doméstico.

O momento de maior aversão a risco ocorre diante de um Federal Reserve (Fed) mais conservador e de executivos de grandes empresas americanas mais céticos sobre a continuidade linear do movimento de apreciação dos ativos de risc, em particular das bolsas de Nova York e das ações de empresas de tecnologia. A sazonalidade negativa do fluxo de capital ao Brasil também pode ter apoiado a apreciação do dólar frente ao real.

No fim dos negócios desta terça-feira, o dólar à vista fechou negociado em alta de 0,77%, cotado a R$ 5,3988, depois de ter encostado na mínima de R$ 5,3788 e batido na máxima de R$ 5,4018. Já o euro comercial exibia valorização de 0,41%, cotado a R$ 6,1964. No exterior, perto das 17h05, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, apreciava 0,38%, aos 100,255 pontos.

Desde o começo da sessão, o câmbio doméstico mostrou desvalorização, em linha com a dinâmica global. A moeda americana até chegou a perder um pouco do ímpeto ao longo do dia, mas depois recuperou fôlego. Comentários mais conservadores de integrantes do Fed podem ter sido gatilhos para o movimento de hoje. O banco ING diz, em nota, que as declarações recentes dos dirigentes sugerem claramente uma menor convicção em relação à trajetória de afrouxamento monetário até então precificada pelo mercado, o que indica que o Fed deve ficar ainda mais dependente dos dados.

“O desafio, no entanto, é que esse foco intensificado em dados ocorre em um momento em que o cronograma usual de divulgação de informações está interrompido pela paralisação do governo dos EUA, que ainda não tem um fim claro à vista. Como resultado, os poucos indicadores que recebemos – especialmente o relatório ADP de amanhã – podem ter um impacto desproporcional nos mercados, enquanto a escassez generalizada de informações pode levar a períodos mais longos de negociação cambial sem direção definida”, afirma em nota o estrategista de moedas Francesco Pesole.

O economista-chefe da Bradesco Asset Management, Marcelo Toledo, acredita que o movimento generalizado de enfraquecimento do dólar tende a “estacionar” agora, entre outros motivos, porque os cortes que o Fed deve fazer nos juros já estão bem precificados. “Não enxergamos o Fed indo além do que já tem na curva”, diz. Além disso, a moeda americana não deve também perder força porque o espaço para diversificação de ativos é menor. “Acredito que acabou o movimento que vimos de diversificação para moedas de países desenvolvidos, como euro e franco suíço. Ambas valorizam algo perto de 11% neste ano”, nota.

Já no caso de mercados emergentes, Toledo diz não ver os países desse grupo sendo alternativa a investimentos nos EUA. “Quando pensamos em economia emergente atrativa, pensamos, talvez, na Índia, com movimento de atração de capital forte por conta das empresas nos últimos anos. Mas não na ponta de renda fixa. Pode-se pensar, então, que o maior potencial esteja na China, onde é possível ter grande apreciação do câmbio, mas a estrutura de mercado de capitais ainda é fechada, e os juros estão baixos por lá, o que tira a atratividade do país.”

Se, na ponta do dólar, há pouco espaço para depreciação, na frente relativa ao movimento do real o espaço para valorização é ainda mais difícil, avalia o executivo da Bradesco Asset. Toledo diz que, se o câmbio do fim de 2019 for ajustado pelo diferencial de inflação entre Brasil e Estados Unidos, ele deveria estar hoje em torno de R$ 4,60.

“Em tese, poderíamos sonhar em voltar a esse patamar, mas estamos com o câmbio muito mais depreciado, com o dólar a R$ 5,40, e mesmo assim com déficit em conta corrente elevado. O que explica isso? A nossa produtividade não avançou em relação ao resto do mundo”, afirma. “Então, diante desse diferencial de produtividade, eu não vejo grande motivo para o câmbio apreciar nos próximos meses.”

Diante das dúvidas em torno da economia americana, surgem também comportamentos mais cautelosos que limitam o bom desempenho que os ativos de risco vinham acumulando ao longo deste ano. No caso do real, um gestor de moedas aponta ainda a maior atenção relacionada aos fluxos de fim de ano. “É um período em que costuma haver maior saída de dólares do país, e isso pressiona o câmbio. Pode ser que alguns investidores queiram antecipar posições antes de se chegar no pior momento do ano.”O dólar à vista registrou valorização firme frente ao real na sessão desta terça-feira, em um movimento em linha com o observado na maioria dos mercados emergentes e aqueles mais sensíveis a preços de commodities. Pesaram nas negociações de hoje as dúvidas dos agentes financeiros em torno do até então crescente apetite por ativos de risco neste ano.

[Fonte Original]

- Advertisement -spot_imgspot_img

Destaques

- Advertisement -spot_img

Últimas Notícias

- Advertisement -spot_img