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terça-feira, novembro 18, 2025

Inação climática faria Brasil perder até R$ 17,1 trilhões de PIB potencial em 25 anos, calcula governo

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A ausência de ações para evitar a mudança climática, com a elevação da temperatura média do planeta acima dos valores pactuados no Acordo de Paris, teria efeitos severos sobre a economia brasileira, agravaria desigualdades regionais e afetarias as seguranças energética, alimentar e hídrica da população. A conclusão é de um estudo coordenado pelo Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) e financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O documento foi lançado, nesta terça-feira (18), em painel da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), em Belém, Pará.

O estudo calculou que eventual ausência de ações para evitar o aquecimento global, elevando a temperatura do planeta em quatro graus celsius (4ºC) acima dos níveis pré-industriais, faria o Brasil perder entre R$ 10,3 trilhões e R$ 17,1 trilhões de Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado de 2025 a 2050, em comparação com o cenário em que o aquecimento global no período fosse de 2ºC e 1,5ºC, respectivamente.

É o chamado custo da inação, ou seja, o quanto o país perde de riqueza caso os principais países emissores de gases poluentes do mundo não cumpram as metas estabelecidas no Acordo de Paris para limitar o aquecimento global. O número representa uma perda entre 89% e 146% do PIB totalizado pelo Brasil em 2024, respectivamente.

“Essa perda potencial de PIB pode ainda estar subestimada, porque esse cenário de 4ºC ultrapassa aquele linear que os cientistas estão mostrando como um linear de segurança para a vida na Terra. A partir de 2ºC e, principalmente, de 2,7ºC, a ciência já está mostrando que a gente pode entrar numa situação de colapso sucessivo dos sistemas econômicos, sociais e políticos”, afirmou ao Valor Virgínia de Ângelis, secretária Nacional de Planejamento do MPO.

Por outro lado, caso seja atingido o objetivo-chave do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura média global a abaixo de 2°C, preferencialmente em 1,5°C, o PIB nacional poderia ter um acréscimo de R$ 6,7 trilhões no acumulado até 2050. Ou seja, caso todos os países cumpram suas metas de redução de emissões, haveria um acréscimo de 57% frente ao PIB totalizado pelo Brasil em 2024. Seria um ganho de R$ 268 bilhões ao ano, o que representa cerca de 5% do Orçamento total da União projetado para 2050.

“Essas oportunidades [de ganhos na economia] vêm do próprio esforço de adaptação, de transformação ecológica. Então, em um cenário de aquecimento superior a 1,5ºC, haveria perda de produtividade em setores estratégicos para o Brasil, como o setor agropecuário. Agora, mantendo o cenário de 1,5 grau, teríamos um ganho de produtividade, com possibilidade, inclusive, de queda no preço dos alimentos”, explicou Virgínia.

O estudo também mostra que as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste seriam mais impactadas pelo custo de inação, enquanto o Sul e Sudeste seriam menos impactados, demonstrando que a ausência de ação climática ampliará a desigualdade entre as regiões do Brasil. Também haveria impacto sobre o preço de alimentos e acesso à água e energia elétrica.

A inação climática também levaria a uma perda substancial de empregos, da ordem de 3,4 milhões e 4,4 milhões de postos de trabalho até 2050, no cenário de aquecimento global de 4ºC em relação ao cenário de 2ºC e 1,5ºC, respectivamente. Por outro lado, limitando o aquecimento a 1,5ºC, poderia ser gerado 1 milhão de empregos adicionais no Brasil até 2050.

Virgínia disse que o estudo vem para mostrar a urgência em agir. “Não dá mais para a gente adiar [o enfrentamento da mudança climática], porque a questão climática vem como um dos grandes desafios para o nosso desenvolvimento”, afirmou. “Devemos planejar políticas públicas com esse olhar do seu impacto no longo prazo, destinar orçamento e financiamentos com esse olhar de longo prazo”, completou.

O estudo foi realizado para gerar subsídios sobre os impactos econômicos da mudança do clima, em nível nacional e regional, para a Estratégia Nacional de Longo Prazo, chamada de Estratégia Brasil 2050.

[Fonte Original]

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